quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O pacto, livro na net, capítulo 24 -

Carta 9



Caro amigo, pensei muito depois de ler sua carta.
Não quero agora dar pra trás e escrever sobre repolhos e alfaces, muito menos sobre carnes moídas e frangos grelhados, pobres animais ainda mortos em função do ainda carnívoro e desejoso homem.
Mas, acho que talvez tenhamos exagerado na dose, afinal, já está há meses com uma nova companheira e nem tocou no assunto?

Fiquei meio amuada, como se fosse a última a saber...coisas de amiga mimada, confesso, mas será que sendo tão divagantes, não fomos muito superficiais até aqui?

A dúvida me invadiu de pronto.

Assim, se continuarmos deste modo, é capaz de você se tornar pai eu eu não saber ou eu virar avó sem comentar.

Que estranha esta nossa amizade, me parece que a temos em tão alta estima e tão pessoal que a furtamos até de nossas próprias vidas , será possível isto?

Para mudar um pouco isto, mas já confessando que estou me estranhando com a nova postura, vou contar novidade " corriqueira".
Minha linda filha mais velha já está quase noiva, casamento e netos estão sendo esperados em nossa família dentro destes próximos dois anos.

Veja como é engraçada a vida, enquanto eu aqui, a mãe da quase noiva, luta pela sua emancipação feminina tardia, mas luta.
Estou também apurada em ajudar com quesitos de enxoval com toalhas de linho bordadas da minha pequena, sempre pequena filha mais velha que vai se casar.

Esta sou eu, cheia de paradoxos, mas acho que assim é sempre com todos, não é?

Quanto aos meus escritinhos, vou mandá-los, depois você me diz o que acha.

Começo hoje , vou resolver ainda qual envio. Devo mandar o primeiro desta fase .
Escrevi quando resolvi fazer uma homenagem a amigos escritores que tenho. Eles iam comemorar dez anos de seus encontros literários, vou explicar...

É que eles resolveram há dez anos, fazer estes encontros, onde trocariam crônicas e contos, e os leriam . Aí seguiriam as críticas regadas de muita cerveja , risadas , piadas sujas e papos sobre mulheres, obviamente. Coisas de homem.

Resolvi fazer uma homenagem a eles, meio enciumada, percebo agora, já que eu sendo do partido do "sexo frágil " nunca poderia fazer parte de seus encontros.

Como achei este detalhe irrelevante, resolvi escrever e brincar de faz de conta.
Faz de conta que eu também participo e assim, tenho algo pra compartilhar no tal encontro literário e mandei de presente para eles todos.

A partir daí, minha vontade de escrever ficou reacesa, um estímulo,um desafio estava proposto para mim mesma, estes os melhores desafios, não?

Espero que você também goste do meu escritinho...segue depois no outro envelope, só pra te estimular a curiosidade e você querer ver o carteiro por suas bandas.



Um grande abraço de por do sol pra você, meu sempre e eterno amigo.



eu

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O pacto, livro na net - capítulo 23 - Rusga

Rusga




Fica a rusga do não dito
Esquecimento
Intenso
da
intensidade
Virada
do avesso
Desprezo
e
irrealidade
Mantidas sob custódia
Fica o não dito como rusga
Do passado em presente
Sou o rasgo e não a rusga
Quero a intensidade
Eleita na verdade
Da dor
Intensa
Vívida e vivida
Só.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

O pacto, livro na net - capítulo 22 - AZUL E BLUE...

Azul e blue

Entre vidas e a morte
Sagas e sorte
Corre o tempo
Sangue em veias
In vino veritas
Inícios,
reinícios
e
Fins
Finitos e perenes
Sofrimentos
Prazeres
E no meio desta balbúrdia
A paz.
Sinto e ressinto
Perdas e ganhos
Ganhos e perdas
Entre tuns e tás
Um, dois, três
Quantos corações houver
A vida é cheia deles
A morte se enche
Parem corações!
E a saudade?
Saudade é o sol
O calor
O céu lindamente acolhedor deste quase verão
Tudo é saudade
Preenchida de vida
Azul
e
Blue

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

O pacto, capítulo 21, divagações sobre um certo mar

Divagações sobre um certo mar...


O mar de Lya atiça o mar que levo em mim.
Meu mar tem remanso e tem preguiça.
Também meu mar tem turbulência de mar bravio e triste, cheio de contradições não assumidas, entre a vida que carrega em sua profundidade e a vida que é em sua superfície.
Toda a minha imensidão se confunde
com a imensidão deste meu mar,
que não é só água, é mar de mato também.
O sem-fim verde que surge e ressurge em mim, mesmo após queimadas, atiçadas nem sei bem por quem, muito menos por quais razões,
mas que me doem e me dizimam em segundos,
mas não me colocam fim.
Tenho pelo mar de Lya grande afeição pois, me trouxe de volta , a revolta do mar que tinha em mim, escondido sem estar, perdido em algum canto da minha emoção de viver assim, entre um mar de água, mato e fantasias e a seca realidade.
Peço ou imploro, se houver necessidade, que as águas sejam respeitadas, a minha inclusive e, principalmente, por que não? Porque tenho água e mato verde dentro do meu coração e, se para alguém isto não soe conhecido, que me importa?
Não me preocupam os que não têm também um mar, mas aqueles que o têm e o ignoram sem compaixão ou ressentimentos ou dor.
Agora me relato a você, outro mar em extensão e emoção: não ignore seu mar, mas também não viva só dele, porque eu vivo em meu mar e não sei mais viver sem ele.


Obs.: só pra que entenda,meu amigo, andei lendo “O mar de dentro” de Lya Luft.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O pacto - capítulo 21 - Nada de trivialidades!

Carta 8

Minha cara amiga divagante, como vai?
Ainda está mergulhada em seus pensamentos ou foste à feira hoje?Ou melhor, vais à feira pensando em quê?
Não, estou de brincadeira. Talvez um pouco séria , mas estou.
Você é realmente uma pãndega! Como pode ser tão reflexiva assim?
Quero te dizer que também tenho gostado de escrever em cartas só o que me interessa.
Nada de trivialidades, nada de encher lingüiças.
As trivialidades enchem, é o que fazemos todos os dias, é delas que falamos com quem come e dorme conosco e isto é que enche,não é?
Por isto também me abstenho de dizer
estas futilidades pra você.
Por isto temos esta amizade duradoura.
Não nos gastamos com estas bobagens.
Mas, só porque fazemos parte das futilidades também, devo lhe dizer que tenho tido uma companheira, sim, além do cachorro Nicolau.
Fui escolhido por uma dama simpática, acho que você ia gostar de conhecê-la, isto já faz uns meses.
Como não acredito mais em casamentos, como você bem sabe, e acho que casamento é crise, o que me aborrece muito, nós estamos em fase de morar separados e continuaremos assim
ad perpetum ou enquanto durem as nossas paciências.
Definitivamente, não quero mais ter alguém que me prive de minhas coisas.
Gosto de ler jornal, deixar tudo espalhado pelo sofá da sala, ler durante o café e deixar as páginas de esportes cobrindo o pote de margarina.
Gosto de sair pra beber com os amigos, saídas só de homens pra falar muita besteira e não agüentaria mais mulher na minha cola, enchendo e me dando bronquinhas ou fazendo beicinho .
Desculpe-me o desabafo, mas amiga é pra isto. Não vivo mais com ninguém sob o mesmo teto.
Prefiro as morenas.
Mas durmo e babo nos meus travesseiros quase todas as noites e ninguém reclama comigo por isto.
Bem melhor assim!
Veja bem que à minha maneira também cheguei `a mesma conclusão que você chegou: vivemos melhor sozinhos com nós mesmos, tudo bem que vivo uma versão mais exagerada disto...
Não sou tão poético como você, mas tenho chegado aos mesmos resultados, ou quase!
Falando em poesia, ainda tem escrito seus escritinhos?
Mande-me alguns, quero ver como vai minha amiga escritora.
Lembre-se, escreva porque só assim você eterniza seus momentos...

Um abraço e minha solidão pra você.

Eu

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O pacto - capítulo 20 - Decreto da teimosia

Decreto da teimosia





Até que a chuva pare de cair

E

Enquanto o sol ainda se esconde atrás das nuvens...

A fim de que a noite seja
estrelada e fria

já que não tenho como evitar que seja também solitária

Continuo a teimar em ser feliz

Por puro prazer...

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

O pacto - capítulo 20 - Farta

Farta

Hoje andei o bastante neste ar de sol,
na luz de inverno
Senti saudade
e uma certa confusão
entre o dia e a noite
Entre o bem e o mal
( isto existe?)

Entre a calmaria dentro da tempestade
e a tempestade de uma calmaria

Entre estar e não ser

Hoje andei o bastante para não me bastar

O vagante andar não me basta mais

Talvez um caminho
( que ainda não sei ao certo)
Me bastaria

Chego ao quase fim do dia
Farta!