domingo, 28 de junho de 2009

O pacto - capítulo 15 - carta 7


Carta 7

Tenho achado graça nesta história de escrever cartas, é como se estivéssemos mais próximos passando essência de um e de outro, uma troca de perfumes, mas , ao mesmo tempo, não sabemos o que um ou outro está fazendo da vida, coisas diárias, trabalhos, ocupações, etc.
Mas, sabe o que é mais engraçado disto tudo?

É que realmente não me importo com o que você tem feito da vida, nem tampouco tem me importado te falar sobre cordialidades do dia - a – dia, as feiras livres, os supermercados da vida, contas, patrões, empregados.
Com nossas cartas estou percebendo que tudo isto não passa de um tudo isto meio fútil, meio necessário, mas que pela nossa amizade podemos perfeitamente pular, nos abster disto tudo.
Temos, com os anos, e sempre tivemos, esta ligação de amizade que diz mais que qualquer chatice de dia que passamos, um atrás do outro, como qualquer mortal.
Você vive estes tempos sozinho, me refiro à uma companheira fixa que até aonde sei, não teve mais depois daquela uma , que não cito o nome pra não haver constrangimentos...
Eu vivo sozinha também. Rodeada de filhos e marido e trabalho, mas percebo que todos nós, eles também que vivem sob o mesmo teto que eu, vivemos todos sós.
Nascemos, vivemos e morremos sós.

Todas as possíveis passagens que sofremos, o modo que sofremos sempre singular a nós mesmos...tudo isto..sós.
É isto que tem me dado forças pra viver melhor o que acho importante para mim mesma.

Respeitando limites e territórios, mas o viver só, assumidamente, está sendo menos pesado.
Antes, eu esperava muito de tudo. Não sabia como me controlar.
Sabe, a gente cobra dos outros respostas, reações , coisas que, de verdade mesmo, nós é que temos as respostas. O que falta é não ter orgulho, nem vergonha, é "conversar consigo mesmo", ter paz de espírito, mas que fácil falar , hein?
Desculpe, estou aqui eu divagando de novo!
Mas, continuo adorando nossas trocas de perfumes. A vida tem tido mais perfumes depois de tudo.
E, você? Como vai a vida? Já que disse que não me importo, melhor perguntar, quem sabe não quer falar? Pensei agora que posso ter sido grosseira em ignorar...


E, ó, só pra você não ficar se achando, não são só suas cartas que tem me ensina sobre a essência, também a novidade de meditar tem me ensinado muito sobre tudo isto.



Um só abraço


eu