Que nada mude
-Que nada mude, Senhor.
Esta é Adélia, rezando sua ladainha de todas as tardes e todas as noites.
Adélia pede que nada mais mude em sua vida, que o Sol mantenha-se quente, a chuva molhada, o vento carinhoso e a Lua risonha, mesmo em noites sem luar.
Adélia roga que nada mude,mesmo que para isto, e por isto mesmo, ela não seja mais feliz, nem doce, nem dócil, nem amante, nem amada.
Adélia ora para que tudo se mantenha quieto, certo e quieto, os dias sendo dias e as noites sendo noites, que o seu mundo não se encha de lágrimas e dores, muito menos de risos e alegrias finitas.
Adélia sente dor e mesmo que esta seja doída é dor pouca perto da dor que a gente acha que não sente, pois esta sim é dor maior, que rói por dentro e assola os sonhos como se tudo fosse pesadelo e que por isto, nos faz querer dormir sem sonhos.
Adélia suplica que nada mude e nada retorne, que tudo se fixe na hora exata do não, do adeus e do até nunca mais, do cuide-se bem e do até logo, do quem sabe no ano que vem a gente se encontra pra falar do que não somos e do que nunca seremos ou do que nunca fomos, e do que um dia , quem sabe, saberemos.
Adélia ora com fervor, que nada mude e que sua decisão permaneça, de se manter fiel ao Senhor e a mais ninguém, de ser moça donzela, mas sem espera de mais marido pra atazanar suas noites insones ou suas horas quentes de tardes longas.
Adélia pede, roga e se transmuta em dor, mas pede com tanta força que sabe que se não for atendida por todos os anjos e santos de sua devoção que seja pelo menos atendida pelos que restarem de plantão à direita daquela nuvem teimosa de coelhos de orelhas enormes bem pertinho do elefante de dieta que fica à esquerda do algodão doce.
Alguém há de responder ao seu pedido.
Adélia reza pro Senhor, faz promessas, faz de tudo um pouco, desta vez com muito mais intenção que da outra, pois em algum tempo há de alcançar a graça tão indesejada de nunca mais vê-lo em sua casa, nunca mais olhar em seus olhos corredios e nunca mais se apertar naquele cangote cheiroso.
Adélia pede com força e dor, para que de tudo, nada mude, que nesta vida tudo se mantenha bem como Deus quis a vida inteira e que nada seja estorvo pra tanta harmonia benfazeja, nada mesmo, mesmo que este nada seja um belíssimo amor de estrada,destes amores que passam alumiando o caminho, mas não ficam, a deixando só com o ar e a vontade de ficar e com a incerteza assobiando na orelha.
- Que nada mude, Senhor.
Nada,nada mesmo, Adélia pede a certeza de que o vazio não seja mesmo preenchido, até que a dúvida assole mais uma vez a razão.
-Que nada mude, Senhor.
Esta é Adélia, rezando sua ladainha de todas as tardes e todas as noites.
Adélia pede que nada mais mude em sua vida, que o Sol mantenha-se quente, a chuva molhada, o vento carinhoso e a Lua risonha, mesmo em noites sem luar.
Adélia roga que nada mude,mesmo que para isto, e por isto mesmo, ela não seja mais feliz, nem doce, nem dócil, nem amante, nem amada.
Adélia ora para que tudo se mantenha quieto, certo e quieto, os dias sendo dias e as noites sendo noites, que o seu mundo não se encha de lágrimas e dores, muito menos de risos e alegrias finitas.
Adélia sente dor e mesmo que esta seja doída é dor pouca perto da dor que a gente acha que não sente, pois esta sim é dor maior, que rói por dentro e assola os sonhos como se tudo fosse pesadelo e que por isto, nos faz querer dormir sem sonhos.
Adélia suplica que nada mude e nada retorne, que tudo se fixe na hora exata do não, do adeus e do até nunca mais, do cuide-se bem e do até logo, do quem sabe no ano que vem a gente se encontra pra falar do que não somos e do que nunca seremos ou do que nunca fomos, e do que um dia , quem sabe, saberemos.
Adélia ora com fervor, que nada mude e que sua decisão permaneça, de se manter fiel ao Senhor e a mais ninguém, de ser moça donzela, mas sem espera de mais marido pra atazanar suas noites insones ou suas horas quentes de tardes longas.
Adélia pede, roga e se transmuta em dor, mas pede com tanta força que sabe que se não for atendida por todos os anjos e santos de sua devoção que seja pelo menos atendida pelos que restarem de plantão à direita daquela nuvem teimosa de coelhos de orelhas enormes bem pertinho do elefante de dieta que fica à esquerda do algodão doce.
Alguém há de responder ao seu pedido.
Adélia reza pro Senhor, faz promessas, faz de tudo um pouco, desta vez com muito mais intenção que da outra, pois em algum tempo há de alcançar a graça tão indesejada de nunca mais vê-lo em sua casa, nunca mais olhar em seus olhos corredios e nunca mais se apertar naquele cangote cheiroso.
Adélia pede com força e dor, para que de tudo, nada mude, que nesta vida tudo se mantenha bem como Deus quis a vida inteira e que nada seja estorvo pra tanta harmonia benfazeja, nada mesmo, mesmo que este nada seja um belíssimo amor de estrada,destes amores que passam alumiando o caminho, mas não ficam, a deixando só com o ar e a vontade de ficar e com a incerteza assobiando na orelha.
- Que nada mude, Senhor.
Nada,nada mesmo, Adélia pede a certeza de que o vazio não seja mesmo preenchido, até que a dúvida assole mais uma vez a razão.
QUERIDA CARMEN, E ASSIM COMEÇA O CAPITÚLO 1 E COMEÇOU MUITO BEM... UM ABRAÇO DE CARINHO E TERNURA,
ResponderExcluirFERNANDINHA