domingo, 25 de janeiro de 2009

O pacto - capítulo 4 - carta 2, sou mais do tempo dos carteiros...

Carta 2

Oi, também.
Não foi assim que começou a sua missiva?
Achei graça. Você sempre com este jeito de irritadinha...
Sabe que não me incomodo com este seu jeito. Sinto falta até. Sabe também que tenho estado muito ocupado e, aliás, que história é esta de imaginar que me mudei?
Não me mudo daqui por nada deste mundo, mais porque não me livrei deste meu medo de mudanças... do que por falta de vontade.
Aqui anda meio apertado, eu, meus livros e Nicolau, o cachorro vira-lata que me escolheu na rua dia destes e não pude evitar...
Veja vem que até que mudei, melhorei e ando até mais compassivo e mesmo egoísta. O vira-lata me cheirou lá na banca da esquina, resolveu me seguir com aquele jeito molengão dos cães de rua, e quando cheguei eu e meu companheiro de caminhada... bem, não resisti àquele olhar pidão. Devia estar morrendo de fome.
Abri a porta e o cara-de-pau entrou na minha frente, como se eu fosse seu convidado. Achei muito desfaçatez dele, mas deixei, foi engraçado e, no final, ele é um cara e tanto, este Nicolau, e temos nos dado muito bem.
Poderia imaginar uma coisa destas acontecendo comigo? Eu e um cão vira-latas... veja que o mundo gira e a Lusitânia roda, mesmo!
Continuo o poste que disse...impávido, no mesmo lugar, mas realmente com mais furos do que gostaria... e você, a vida, os filhos, o marido, ( preciso perguntar dele?) e seu trabalho, como andam?
Escreva-me. Posso ser um safado na hora de responder,mas confesso , como nunca deveria, que gosto muito quando o carteiro chega com notícias...suas.
A modernidade nos pegou por completo, computador, e-mails, mensagens de tela em tela, sem dono, sem face, sem coração...
Confesso ( confissão 2) que eu ainda sou mais do tempo dos carteiros,era magia pura e, sou deste partido, irrestritamente. Gosto mesmo das cartas.
Dei uma pincelada.
Satisfeita?
Aposto que não.
Escreva.

Abraços bem apertados

eu

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